Dia 1 de novembro, dia mundial do Veganismo


O dia mundial do Veganismo existe desde 1994, estabelecido pela Vegan
Society, que “cunhou” o termo e a definição de veganismo, pela
feminista Elsie Shrigley (esquecida pela História mainstream) e pelo
carpinteiro e agnóstico Donald Watson. Foi por iniciativa da
presidente Louise Wallis que este dia foi instituído, tendo sido
escolhido por coincidir com o “dia dos mortos”, o “Samhaim” e o
“Halloween”, já que a data da criação da Vegan Society não é
consensual, o que seria a sua intenção inicial (celebrar no dia da
fundação).
Tal como todos os outros “dias mundiais”, todos os dias deveriam sê-lo
(como é por aqui no VOE), mas não condenamos de todo (pelo contrário)
haver um dia mundial em que as pessoas (por todo o mundo, mas ainda
apenas em alguns países) fazem campanhas de sensibilização,
manifestações e relembram o porquê do veganismo. O que não apoiamos é
quem só se lembra do veganismo neste dia e o ignora nos restantes (o
que alguns vegans já fazem, ao apoiar empresas que exploram e vivem à
conta do suor, sangue, lágrimas e vida de animais humanos e
não-humanos). Faz-nos recordar as “quintas sem carne” e afins, apenas
num dia a vida tem valor, pois, por aqui lutamos para que todos os
dias todas as vidas tenham valor. Sim somos radicais, não somos
capitalistas, reducionistas ou “hoje é dia de festa e este bolo
parece-me bem”. Para nós, festa é festejar todas as vidas e lutar pela
sua liberdade, independemente do dia. E, para nós, cada vida é uma
vida (não se abrem exceções para comer humanos nem para os testar sem
a sua permissão, mas são abertas para se comer animais ou os seus
“produtos”; lamento: são especistas), seja num laboratório, num
matadouro, numa prisão para peles, ou num “espetáculo” com animais.
Mas quem nos acompanha já sabe da nossa opinião, e não vemos o
veganismo sem ser uma luta política e interseccional, como damos o
exemplo, por vezes, de “uma mulher negra com filhos que tem 2 a 3
empregos para sustentar a família, dificilmente chegará à hora de
fazer compras e pensará em algo mais do que alimentar a sua família”;
por isso, enquanto o ser humano não estiver nivelado por “igual”
(somos todas/os diferentes, e ainda bem que o somos), o especismo será
sempre posto no fim da tabela (ou mesmo fora da tabela) das pessoas
que lutam por sobreviver, que lutam contra a opressão ou a
discriminação diária. E é para nós isto o veganismo: a libertação
animal e humana, não apenas como uma bandeira comprada, mas como
princípio inalienável. E jamais faremos parte dos que lutam por um
“veganismo” elitista e mercantil, e que pretendem chamar a si quem tem
bolsos mais fundos e ignorar por completo a questão humana. Como já
foi dito “temos de pensar quem queremos ao nosso lado, se queremos
abrir caminho a racistas e fascistas ou se queremos abrir caminho
àqueles que lutam pela igualdade e liberdade, seja nos bairros
sociais, nos movimentos LGBT, na luta contra os testes em animais (não
incluímos quem anda a bajular a Unilever e Nestlé... qualquer dia a
Monsanto também é vegan… bem, dado que estas duas empresas trabalham
com a mesma… indiretamente apoiam-na). Consciência política (e não
falamos de partidos) e de classe é essencial à luta por todos os
animais, lutar por tirar de vez da cabeça de muita gente que não é
coisa de brancos ricos ou de classe média para cima (eu, neste caso
uso o singular, não o sou, por exemplo, e ser vegan tem-me sido mais
sustentável até financeiramente), é essencial para os animais, todos!
Mas não deixamos passar este dia “em branco” por aqui, celebramo-lo e
apoiamos todas as ações planeadas, exceto o “só hoje…”. Nós não
fazemos coisas erradas em todos os dias do ano menos num. Falamos de
vida, não de marketing.
E com isto não condenamos quem ainda não deu o “passo”, estamos aqui
dispostos 365 dias por ano a ajudar-vos a dá-lo sem culpabilização ou
moralidades. É algo enraizado na nossa sociedade e possivelmente
nascemos em famílias que nos deram carne mal a pudemos digerir e o
gosto foi adquirido como uma droga, não permitindo imaginar a vida de
outra forma. Mas ela existe. Procurem a empatia que têm, mas não
apenas hoje, apesar de hoje poder ser o vosso primeiro dia. Para mim
(usando novamente o singular), são 19 anos (ovo-lacto) e 8 anos
(vegano), e não olhei mais para trás, mas posso sempre fazer melhor.
Nunca é tarde.
Hoje, dia mundial do veganismo, celebramos e desejamos que este dia
seja o primeiro dia de muitas pessoas pelo mundo inteiro para dar o
“passo”. Não procuramos “títulos”, mas sim o fim do sofrimento animal
humano e não-humano.
Abraços
J.M. (VOE)

Vegano-Capitalismo e a farsa da "falta de tempo", elitismo e dos V's comprados por quem tortura animais

Postagem que nos passou "pela vista" e decidimos partilhar também. Está "em bruto" não fizemos emendas. O veganismo já existia antes dos processados e das empresas que testam em animais comprar certificados à V-Label (que grande negócio...).

"
A definição de veganismo:
"[…] a philosophy and way of living which seeks to exclude—as far as is possible and practicable—all forms of exploitation of, and cruelty to, animals for food, clothing or any other purpose; and by extension, promotes the development and use of animal-free alternatives for the benefit of humans, animals and the environment. In dietary terms it denotes the practice of dispensing with all products derived wholly or partly from animals."
Sim, é tanto quanto possível e praticável, mas o impossível e o impraticável não incluem as pequenas inconveniências. É possível e praticável escolher recusar produtos de origem animal e/ou testados em animais e/ou de empresas que testam em animais, seja em que circunstâncias for em que a nossa saúde não esteja em causa, sejam oferecidos pela família ou seja por quem for. O "não me dá jeito agora", o "mas apetece-me isto" ou o "não quero parecer mal-educado", entre outras desculpas, não são as excepções ao possível e praticável do veganismo. As vacinas ou medicamentos para as quais, por enquanto, não há alternativas, sim, por exemplo.
Escrevo isto a propósito de e em forma de comentário solidário com o seguinte desabafo compreensivelmente revoltado de um vegano:
Veganismo é elitista, veganismo dentro do possível.
Eu estou iniciando uma pesquisa acadêmica onde me debruçarei sobre o “veganismo”.
Pensei que entrar em “grupos veganos” do facebook pudesse me ajudar a colher algumas opiniões sobre o que os “veganos” entendem sobre “veganismo”. Entrei em poucos, preciso entrar em mais, mas já me bateu um puta arrependimento. Primeiro, 90% das publicações é sobre comida (comida, comida, comida...). Segundo, é o tema desse texto: veganismo é elitista e “sou vegano dentro do possível e do praticável”.
Bom, não vou perder meu tempo argumentando que veganismo não é SÓ COMIDA, isso nem é veganismo, mas a dieta vegetariana.
Eu nem lembrava mais que nesses grupos os comentários – na sua maioria – são extremamente subjetivos, “eu em defesa do meu veganismo”. Não existe reflexão ética nenhuma, raciocínio ético é inexistente. Nada, nada. A fundamentação filosófica do veganismo é algo a ser inventado nos “grupos veganos”. Então vou escrever aqui a partir dessa lógica subjetiva.
Bom, vamos lá. Uma colega fez um comentário sobre como era pra ela lá em 2001, onde não tinha industrializados, não tinha quase nada vegano, e ela se virava pra fazer em casa, e foi levando, sem problemas.
Aí outras pessoas responderam que isso seria um “apontar o dedo” para quem não tem tempo pra fazer comida em casa, pra quem nem sabe cozinhar, pra quem trabalha o tempo todo, pra quem vive em cidades pequeninas no interior do fim do mundo... Ou seja, esse apontar o dedo, é policiar o veganismo alheio, é tirar do outro sua carteira de vegano, etc. E nesse embalo, vem à defesa de consumir o que tiver pra comprar no mercado. “Nem sempre temos escolhas. Se não tiver marca vegana, vou ter que comprar o que tiver”. “Pra quem não tem tempo de cozinhar em casa, às vezes a única opção é comprar os industrializados que nem sempre são veganos, mas é o que tem”. “Esse negócio de fazer em casa, dá muito trabalho, não é todo mundo que tem tempo pra isso”.
Olha, eu pessoalmente fico pensando utilitariamente (e olha que não sou nem um pouco adepto do Utilitarismo), qual seria o resultado se eu calcular o peso entre o “trabalho que me dá fazer a porra da minha comida em casa” e a “vida de merda que todos os animais têm, desde o nascimento, passando sua torturante vida sendo trucidado físico e psicologicamente, todos os dias de sua breve vida, sendo queimado, afogado, estuprado, esfaqueado, chutado, com fome, com sede, com frio, com calor, no sol, na chuva, etc. etc”.
O que pesa mais: o “mega/ultra/super trabalho que vou ter pra cozinhar em casa” ou a “vida” dos animais sencientes que estão sendo executados nesse momento?
“Veganismo dentro do possível e do praticável” é a mais canalha e filha da puta de desculpa pra continuar a financiar o USO e a EXPLORAÇAO animal.
Já que o “veganismo” de internet se resume em desculpas subjetivas, estou aqui falando subjetivamente. Se eu não tiver o que comer na rua, eu fico com fome. Simples assim. Se eu não tiver tempo de cozinhar em casa, vou ficar com fome, mas não vou comprar “comida” de marca que faz testes em animais com “selo vegano”. Simples assim. Não tem comparação o meu “super trabalho” em cozinhar com todo o sofrimento psicofísico que os animais passam dia e noite. Isso é uma questão de empatia. O que estou vendo é que os ditos veganos atuais estão léguas do que chamamos de empatia. Se eu sou capaz de me colocar no lugar dos animais que são criados para virarem comida, eu simplesmente fico sem comer, mas não vou comprar comida que veio da exploração deles. Simples assim. É de um egoísmo assombroso esse discurso de que dá trabalho fazer as coisas em casa. Veja o Terraqueos, veja o Dominion, veja Não Matarás. E se coloque no lugar daqueles animais.
Mas criticar essa sacanagem significa que o veganismo é elitista. Isso mesmo, se vc critica a pessoa que mora em um lugar que não tem o lixo industrializado vegano. Vocês não leram errado, eu, Leon, acho um lixo. Veganismo não é indústria de alimentos com selo veg. “Eu moro numa cidade pequena, não tem as opções que vcs da capital. Por isso compro o que dá, e as vezes tem que ser as marcas tradicionais, ou as pequenas mesmo, mesmo não sendo vegana, é o que tem. Por isso o veganismo é elitista”.
Eu moro no interior de MG, roça, isso aqui é roça, não tem as opções industrializadas “veganas” que tem na capital, e eu não estou morrendo de fome (mesmo flertando com o desemprego faz 4 anos). Como o que tem de vegetal, simples assim. É só comer o que tem de vegetal. É difícil? Imagina para os animais confinados e obrigados antes e depois da tortura a comer uma monodieta todos os dias. Consegue imaginar? Não? Ah, é a falta de empatia né.
Veganismo é elitista é o cacete. Isso é falta de vergonha na cara. Come o que tem de vegetal.
“Olha, Leon, o veganismo é elitista sim, você já viu o preço das maquiagens veganas?”
Já, já vi. E foda-se. A estética do pó na sua cara não se compara com o sofrimento da escravidão animal.
Nenhum trabalho que você venha ter para cozinhar, nenhum esforço que você venha ter pra comprar maquiagem vegana cara, nenhuma privação que você tenha para adquirir algo que não venha do sofrimento animal, é comparavel a tudo o que os animais passam dia e noite, semana após semana, mês após mês.
Desculpem-me o tom bravo, revoltado. Mas tá difícil conviver com os veganos de hoje."

"O veganismo como forma de combater a violência racial" Christopher-Sebastian



Em um auditório esgotado numa noite de quinta-feira, Christopher-Sebastian, professor adjunto da Universidade de Columbia, apresentou uma palestra que alternadamente deixou o público em lágrimas ou a rir por toda a platéia, enquanto discutia a discriminação interseccional entre classe, raça e espécie.

O evento, organizado pelo “Cornell Students for Animal Rights”, forneceu uma "versão resumida" da aula de Christopher-Sebastian na Columbia, sobre como o racismo anti-negro e a discriminação de classe estão relacionados à crueldade animal.

Christopher-Sebastian observou cedo que "o movimento vegano atualmente dominante geralmente se concentra quase exclusivamente no consumo de corpos de animais".

"Quero falar sobre a psicologia que explica por que fazemos isso, a maneira como fazemos isso e os modos como a violência e a exploração animal se manifestam fora do nosso sistema alimentar".
Christopher-Sebastian abordou como a mass média, instituições, mentalidades e léxico contribuem para a opressão de pessoas e espécies não-brancas ou vulneráveis.

"O que fazemos com outros animais demonstra como tratamos os outros, e é sempre - sempre - alguém que não tem poder institucional e geralmente é não-branco", disse Christopher-Sebastian.
Christopher-Sebastian descreveu em detalhe como a desumanização de pessoas não-brancas se tornou uma justificativa para sua discriminação. Para enfatizar seu argumento, ele exibiu um artigo sobre um homem negro cujo assassinato havia sido justificado pelos policiais porque ele era um "animal", juntamente com vários exemplos históricos para demonstrar o significado de negar a autodeterminação aos negros.

Christopher-Sebastian argumentou que a própria humanidade é uma construção social. Antes do século XVI, ele disse: "na verdade, não pensávamos que o ser humano era superior ou separado de todos os outros no reino animal. Mas a adoção de “humano” tornou-se um tipo de palavra para brancura porque, para ser totalmente humano ... deve-se ser branco. ”

“Onde isso deixa pessoas que se parecem comigo? Onde isso deixa as pessoas que se parecem com alguns de vocês na platéia? ”Christopher-Sebastian questionou.

"Como não humano, como animais", foi sua resposta.

Segundo Christopher-Sebastian, ao relegar pessoas negras e animais a uma identidade política, os poderes brancos conseguiram roubar sua autonomia corporal e efetivamente colonizar e explorar os dois grupos.

No entanto, Christopher-Sebastian observou rapidamente que “a semelhança da opressão [de negros e animais] sob a supremacia branca ... não significa que esteja fazendo uma comparação; é o fato de que a brancura nos analisou e decidiu que não somos dignos de nosso ser individual e da nossa autonomia corporal e que devemos ser objetivados e usados. Ambos, negros e animais.

“Picos de metal nos locais onde antes dormiam os sem abrigo hoje são usados para os para dissuadir, e a natureza auto-congratulatória da caça sustentável e ética estão entre os exemplos da autonomia corporal de comunidades marginalizadas, humanos e animais, sendo violados, muitas vezes violentamente, para servir interesses brancos e capitalistas” de
acordo com Christopher-Sebastian.

O veganismo, no entanto, é a maneira mais abrangente de resistir à violência associada à subjugação e opressão de grupos não-brancos, disse Christopher-Sebastian.

"Isso afeta o racismo ambiental, reduz o uso de recursos, ajuda as pessoas que vivem na pobreza, rejeita a violência que ocorre nos matadouros, ajuda as pessoas em todo o planeta"

“[O veganismo é] o que podemos fazer e é algo que é muito mais poderoso do que todas as outras coisas que podemos fazer juntos. E não temos que esperar, você pode fazê-lo agora, porque sua libertação está envolvida com todos os outros seres deste planeta que precisamos amar e defender”

Fonte: https://cornellsun.com
Tradução: VOE

Torna o Veganismo radical novamente!


Origem: animalresistance
Tradução e adaptação por VOE


O VEGANISMO NÃO É APENAS UMA DIETA

Há mais para além do consumo em ser-se vegan. O veganismo é politicamente racial e requere uma mudança na forma em como nos conectamos os outros animais e com o planeta. Põe em questão relações sociais envolvendo a autoridade e o poder. Negar que o veganismo é político vem de um ponto de vista humano de supremacia e privilégio. Não vê os outros animais como mercadorias e sim como um grupo com os seus sentimentos, relações, sociedade, cultura e linguagem. O veganismo nunca pode ser apolítico porque requerer uma análise profunda acerca de como nos relacionamos com os outros em sociedade. O veganismo deve confrontar a supremacia humana e o especismo, com o fim de acabar com a mercantilização e exploração de outros animais, do planeta e dos humanos.


O VEGANISMO SIGNIFICA LIBERTAÇÃO

Advocacia por outros animais pode ser feita de diversas formas, desde bem estarismo, direitos dos animais a libertação animal.
Enquanto o bem estarismo promove maiores e melhores jaulas, não questiona a legitimidade das jaulas em si. Direitos dos animais, por sua vez, se concentram nos direitos básicos de outros animais, incluindo o direito de não ser explorado ou morto, mas o faz apenas dentro da estrutura humana de direitos, Mudar leis, no entanto, não requer uma crítica aprofundada da sociedades e suas questões de dominação. Apenas a libertação – como um processo colectivo que rejeita todas as formas de dominação, exploração ou descriminação – é que desafia a supremacia humana e a utilitarismo sobre os outros.


ABORDANDO AS RAÍZES DA OPRESSÃO

Se o objectivo colectivo é acabar a opressão invocando um acordar das massas na nossa sociedade precisamos primeiro o que é a opressão, como funciona e como é sustentada, e porque existe. Apesar de nenhuma forma de opressão ser idêntica, seus mecanismos que sustêm e dão força à opressão trabalhar de formas semelhantes. Por isso, o movimento vegano deve reconhecer e erradicar todas as raízes da opressão em vez de tratar dos sintomas de apenas o veganismo como assunto desligado das restantes opressões. Isto também significa trabalhar em os assuntos e assegurar acesso aos mesmos em vez de “atacar” indivíduos pelas decisões que tomam para sobreviver no atual sistema.


O VEGANISMO É ANTI-CAPITALISTA

O capitalismo está inerentemente ligado à exploração e à mercantilização da vida de todos os corpos como lucro. Para nos afastar-mos desta exploração e abuso não podemos apenas mudar a maneira como os humanos olham outros animais e a natureza, precisamos sim de uma revolução social que acabe com o capitalismo e todos os outros sistemas que perpetuam a supremacia humana. Devemos construir sistemas alternativos que respeito e dê valor a toda a vida no planeta.

O VEGANO-CAPITALISMO TAMBÉM DESTRUIRÁ O PLANETA

A simples compra de opções veganas não terminará com a exploração de outros animais e do planeta. O Vegano-capitalismo não desafia a supremacia humana. É uma forma especista que se foca em reduzir os danos aos “animais domesticados enquanto ignora os efeitos devastadores do capitalismo nos “animais selvagens”. Celebrar opções veganas como solução para o fim do sofrimento é escolher o silêncio acerca de terras serem roubadas, violadas, envenenadas e destruídas, tal como alienar as pessoas e as deixando sem pensar sobre a obsessão acerca do crescimento infinito das mercadorias. Debaixo do veganio-capitalismo, capitalistas continuarãoa ganhar com a exploração, florestas continuarão a ser queimadas, ativistas ambientais continuarão a ser mortos e o muto do consumo consciente que mudamos o sistema usando um euro como um voto, continuará.

RÓTULO “VEGAN” NÃO SIGNIFICA LIVRE DE CRUELDADE

Meter rótulos vegans em todos os produtos como “livres de crueldade” apaga a exploração de trabalhadores no sistema de produção das corporações. Trabalhadores de quintas que colhem frutos e vegetais e todos os que trabalham na indústria de processamento de plantas muitas vezes trabalham em condições deploráveis. Muitos são imigrantes que recebem muito pouco, são expostos a assédio sexual, descriminação, fome, problemas de saúde mental (devido à sua situação) e têm pouca ou nenhuma proteção legal.
Crianças africanas são constantemente exploradas na indústria da comida 100% vegetal, nomeadamente na do cacau, café e bananas. Muitos cajus são processados em campos de trabalhado forçado e abertos “à mão” causando queimaduras graves nos trabalhadores. O veganismo deveria, portanto, examinar mais criticamente as escolhas alimentares.

CONSISTENTEMENTE CONTRA A OPRESSÃO

Muito como o racismo, outras formas de descriminação e opressão são de forma comum toleradas dentro do movimento mainstream vegano. Estas podem incluir o idadismo, “fat-shamming”, “body-shaming”, “health-saming”, homofobia, sexismo, transfobia, e até o próprio especismo. Ignorar estes temas parte de um ponto de vista privilegiado que se centra num certo tipo de humanos às custas dos marginalizado – incluindo outros animais. Dando poder a todos os marginalizados não só é iimperativ opara a justiça social e compaixão mas também algo crucial para aumentar a nossa habilidade coletiva para a mudança.

RACISMO NO VEGANISMO

Os vegans brancos por vezes usam o sei veganismo para mascarar o seu racismo e supremacia branca. Isto nota-se em várias práticas como a criação de hierarquias de opressão onde uns animais são retratados como os mais oprimidos, e por conseguinte permitindo cognitivamente ignorar ou ficar em silêncio acerca do sofrimento humano. É também inerente ao racismo retratar certas etnicidades como particularmente cruéis com animais ou certos países como “subdesenvolvidos” em termos de compaixão com os animais. Alguns vegans brancos chegam ao ponto de visitar outros países para tentar implantar sua forma seu ativismo a outros ativistas em vez de envolver e apoiar os ativistas conforme as suas necessidades nos seus países. Outros Racistas usam a história da opressão sobre os negros como ferramenta para promover o veganismo enquanto continuam a negar existir privilégio branco.


O VEGANISMO DEVE PROMOVER A JUSTIÇA ALIMENTAR

Promover sempre o veganismo como algo acessível a qualquer pessoa, seja qual for o seu orçamento, ignora a opressão entre classes e o racismo estrutural. Comunidades rurais de baixos recursos financeiros e comunidades negras muitas vezes são colocadas em zonas onde não há acessibilidade a produtos frescos, baratos e saudáveis. Nestas comunidades muitas vezes está-se a vários quilómetros da próxima mercearia de vegetais frescos (enquanto se vê cercada de cadeias de fast-food). Acesso limitado a comida também afecta quem vivem com certos problemas físicos e/ou de deslocação, ou pessoas que vivam em bairros sociais. O Veganismo deve portanto combater o racismo, a gentrificação, o idadismo e o regime alimentar das corporações. 


Joaquin Phoenix e a ALF


Não é nosso fim nem meio, dar destaque a quem são “os famosos” que apoiam a causa animal, mas fazemos uma exceção a Joaquin Phoenix (dado que dar mesmo apoio à ALF é raro o ver e o fez publicamente na ante-estreia do filme Joker), o ator que interpreta o Joker também é muito conhecido como o narrador de um dos documentários mais "controversos" sobre a exploração animal – Earthlings – e tinha três anos quando se tornou vegano.

Além disto, é apoiante - se é membro ou não, não sabemos, e mesmo que o soubessemos: não o diriamos, pois seria expôr um elemento de um grupo que é perseguido e considerado terrorista em diversos países - de um grupo de ativistas de tendências anarquistas em defesa dos direitos animais, o Animal Liberation Front - ALF. Neste momento não há células em Portugal e cuidado com páginas falsas que até já pedem dinheiro para ações nas mesmas.

Eles funcionam de forma horizontal (não hierarquica) e utilizam ação direta para libertar animais, através de resgates em locais como laboratórios ou matadouros, protestos e sabotagens, como forma de protesto e boicote económico à experimentação em animais, contra o uso de animais como roupa, alimento e em oposição a outras indústrias baseadas na exploração de animais.

O grupo declara que qualquer ação direta que promova a libertação animais e que toma todas as  precauções necessárias para não meter em perigo vidas de animais (humanos ou não) pode ser reivindicada como feita pela ALF desde que siga determinadas directrizes.

Estão entre as direstrizes da Frente de A.L.F.:

• Libertar os animais dos locais de abuso, ou seja, laboratórios, quintas de criação intensiva, fazendas de peles, etc., e colocá-los em boas casas e santuários onde possam viver suas vidas naturalmente, livres de sofrimento.

• Infligir danos económicos àqueles que lucram com a miséria e a exploração de animais.

• Revelar o horror e as atrocidades cometidas contra os animais por trás de portas trancadas, por meio da realização de ações diretas não-violentas, filmagens e libertações.

• Tomar todas as precauções necessárias para não ferir qualquer animal, humano ou não humano.

• Analisar as ramificações de qualquer ação proposta e nunca aplicar generalizações quando informações específicas estiverem disponíveis.

Apesar da ALF não ter existência formal, o Animal Liberation Front Supporters Group (ALFSG) - sediado na Inglaterra -  existe para apoiar ativistas que são presos por ações em favor da libertação animal. Ao longo da sua existência muitos concertos, álbuns e eventos (principalmente) de cariz anarcopunk foram feitos para apoio aos presos.

 “Quando olhamos o mundo pelos olhos de outros animais, vemos que somos todos o mesmo e que merecemos uma vida livre de sofrimento” – Joaquin Phoenix

Texto adaptado e traduzido por VOE.