Dia 1 de novembro, dia mundial do Veganismo


O dia mundial do Veganismo existe desde 1994, estabelecido pela Vegan
Society, que “cunhou” o termo e a definição de veganismo, pela
feminista Elsie Shrigley (esquecida pela História mainstream) e pelo
carpinteiro e agnóstico Donald Watson. Foi por iniciativa da
presidente Louise Wallis que este dia foi instituído, tendo sido
escolhido por coincidir com o “dia dos mortos”, o “Samhaim” e o
“Halloween”, já que a data da criação da Vegan Society não é
consensual, o que seria a sua intenção inicial (celebrar no dia da
fundação).
Tal como todos os outros “dias mundiais”, todos os dias deveriam sê-lo
(como é por aqui no VOE), mas não condenamos de todo (pelo contrário)
haver um dia mundial em que as pessoas (por todo o mundo, mas ainda
apenas em alguns países) fazem campanhas de sensibilização,
manifestações e relembram o porquê do veganismo. O que não apoiamos é
quem só se lembra do veganismo neste dia e o ignora nos restantes (o
que alguns vegans já fazem, ao apoiar empresas que exploram e vivem à
conta do suor, sangue, lágrimas e vida de animais humanos e
não-humanos). Faz-nos recordar as “quintas sem carne” e afins, apenas
num dia a vida tem valor, pois, por aqui lutamos para que todos os
dias todas as vidas tenham valor. Sim somos radicais, não somos
capitalistas, reducionistas ou “hoje é dia de festa e este bolo
parece-me bem”. Para nós, festa é festejar todas as vidas e lutar pela
sua liberdade, independemente do dia. E, para nós, cada vida é uma
vida (não se abrem exceções para comer humanos nem para os testar sem
a sua permissão, mas são abertas para se comer animais ou os seus
“produtos”; lamento: são especistas), seja num laboratório, num
matadouro, numa prisão para peles, ou num “espetáculo” com animais.
Mas quem nos acompanha já sabe da nossa opinião, e não vemos o
veganismo sem ser uma luta política e interseccional, como damos o
exemplo, por vezes, de “uma mulher negra com filhos que tem 2 a 3
empregos para sustentar a família, dificilmente chegará à hora de
fazer compras e pensará em algo mais do que alimentar a sua família”;
por isso, enquanto o ser humano não estiver nivelado por “igual”
(somos todas/os diferentes, e ainda bem que o somos), o especismo será
sempre posto no fim da tabela (ou mesmo fora da tabela) das pessoas
que lutam por sobreviver, que lutam contra a opressão ou a
discriminação diária. E é para nós isto o veganismo: a libertação
animal e humana, não apenas como uma bandeira comprada, mas como
princípio inalienável. E jamais faremos parte dos que lutam por um
“veganismo” elitista e mercantil, e que pretendem chamar a si quem tem
bolsos mais fundos e ignorar por completo a questão humana. Como já
foi dito “temos de pensar quem queremos ao nosso lado, se queremos
abrir caminho a racistas e fascistas ou se queremos abrir caminho
àqueles que lutam pela igualdade e liberdade, seja nos bairros
sociais, nos movimentos LGBT, na luta contra os testes em animais (não
incluímos quem anda a bajular a Unilever e Nestlé... qualquer dia a
Monsanto também é vegan… bem, dado que estas duas empresas trabalham
com a mesma… indiretamente apoiam-na). Consciência política (e não
falamos de partidos) e de classe é essencial à luta por todos os
animais, lutar por tirar de vez da cabeça de muita gente que não é
coisa de brancos ricos ou de classe média para cima (eu, neste caso
uso o singular, não o sou, por exemplo, e ser vegan tem-me sido mais
sustentável até financeiramente), é essencial para os animais, todos!
Mas não deixamos passar este dia “em branco” por aqui, celebramo-lo e
apoiamos todas as ações planeadas, exceto o “só hoje…”. Nós não
fazemos coisas erradas em todos os dias do ano menos num. Falamos de
vida, não de marketing.
E com isto não condenamos quem ainda não deu o “passo”, estamos aqui
dispostos 365 dias por ano a ajudar-vos a dá-lo sem culpabilização ou
moralidades. É algo enraizado na nossa sociedade e possivelmente
nascemos em famílias que nos deram carne mal a pudemos digerir e o
gosto foi adquirido como uma droga, não permitindo imaginar a vida de
outra forma. Mas ela existe. Procurem a empatia que têm, mas não
apenas hoje, apesar de hoje poder ser o vosso primeiro dia. Para mim
(usando novamente o singular), são 19 anos (ovo-lacto) e 8 anos
(vegano), e não olhei mais para trás, mas posso sempre fazer melhor.
Nunca é tarde.
Hoje, dia mundial do veganismo, celebramos e desejamos que este dia
seja o primeiro dia de muitas pessoas pelo mundo inteiro para dar o
“passo”. Não procuramos “títulos”, mas sim o fim do sofrimento animal
humano e não-humano.
Abraços
J.M. (VOE)