O privilégio de ser contra a medicação para a saúde mental.


Traduzido de #criphumanimal
Isto também acontece nos meios veganos.

Humilhar pessoas por tomar medicação é capacitismo/ableismo, não veganismo.
“Tivesses uma alimentação mais saudável! Eu jamais tomarei medicação! …!

Sim, a saúde também é influência da alimentação. Mas não é a cura para tudo.
E sim, a farmacêutica apenas tem como lucro o seu fim
E sim, medicação é testada em animais. Todo o conhecimento médico e medicamentoso é baseado em – algures no passado - experiências sem ética em humanos e outros animais. Não podemos reverter esses testes. Nós PODEMOS lutar para prevenir a existência dessas experiências sem ética no futuro.

Algumas pessoas precisam de medicação para viver e até mesmo para sobreviver.
Lembramos “dentro do possível e praticável” é a definição de veganismo.

CITAÇÃO
“Posso garantir que alguém no teu circulo beneficia desse “veneno que jamais de aproximarás”. E posso garantir que os estás a fazer sentir como lixo porque partes de um lugar de privilégio em termos de saúde.”

Texto da foto: O privilégio de ser contra a medicação para a saúde mental.
https://themighty.com/2019/02/health-privilege-psychiatric-medication/


Por: Melanie Berman
Tradução: V.O.E.

“Eu jamais tomarei medicação” É algo que tenho ouvido durante minha vida.
Aos 20 anos, perdi minha mente de repente, mas isto não é realmente acerca disso. É acerca do que no resultou nos anos seguintes.
Após este incidente que aconteceu na escola, EU procurei ajuda psiquiátrica. Fui sujeita a anos de testes com medicação, intervenções terapêuticas, xamanismo, de tudo. Tentei durante 20 anos medicações diferentes, procurando algo, qualquer coisa, que me ajudasse a voltar a ter um funcionamento básico da minha condição mental. Como a bipolaridade é algo que “corre” pela minha família, eu tive a sorte de ter algum conhecimento acerca de tratamentos. No que não tive sorte, no entanto, foi um massacrante estigma social acerca de tudo o que eu tentava fazer para ficar melhor.
“Tentaste rezas?”
“Exercício?”
E esta dieta?”
E aquela dieta?”
“Tentaste exercícios de respiração?”
A resposta é sim, sim e sim. E a resposta é também não – nada disso fez a minha desordem bipolar estabilizar para que pudesse ter uma vida funcional.
Querem saber qual a única coisa que me mantém a viver?

Medicação. E sim, faço tudo o resto que é terapêutico para mim. E mesmo assim ainda tenho esgotamentos, ajustamentos medicamentosos, momentos de desespero extremo… Mas sabem uma coisa – Consigo viver. E em muitos dias também consigo sentir uma forte gratidão pela minha vida.
Depois de uma amiga se ter suicidado durante a faculdade, eu passei a saber o que é sobreviver a tal tragédia. Por isso, naturalmente, eu farei tudo o que me for possível para me manter cá – mesmo que signifique tomar medicação.
Sou mestre de Reiki e uma pessoa espiritual. Estou a estudar holística na escola. Vou a vários eventos espirituais new wave. E tenho uma comunidade fantástica na minha vida. Também encontro vários puros “hippiepócritas”. O que é um hippiepócrita, perguntam?

Um hippiepócrita é alguém que prega amor e luz, mas na realidade apenas julga duramente o outro. A sua espiritualidade está demasiado centrada no seu próprio ego, mesmo que digam que conseguiram supera-lo. Sabem o que um hippiepócrita odeia mais que tudo?
Medicina ocidental.
E compreendo porquê. Existem efeitos secundários, produtos tóxicos e muito lixo à volta das companhias farmacêuticas. A maioria dos médicos nada fazem acerca de nutrição ou prevenção, e são rápidos a puxar de receitas médicas para os seus pacientes. Muitas pessoas acabam num círculo de medicação que não os beneficia, e que podem até mesmo as prejudicar.
Mas e para quem realmente necessita deles?
Nós somos metidos numa categoria estigmatizada. Agora, não só estamos a lutar pela nossa saúde, estamos a ser humilhados por tomar medicação. Sim, não resolve a “raiz do problema”, mas se a raiz causa problemas genuínos no nosso cérebro, é provável que apenas a medicação nos mantenha por cá quando mais nada o faz.
Não estou a sugerir que todos que lutam contra algum problema de saúde mental “corra” para ir tomar comprimidos. O que sugiro é que se pare de sermos levianos acerca de doenças mentais e da sua medicação. Cada caso é um caso, cada cérebro é um cérebro. Só porque porque uma pessoa tomou ayahuasca no Peru e se sente mais feliz, não significa que se for fazer o mesmo eu deixe de ser bipolar.
Aqueles de nós que têm graves problemas de saúde mental são um poço de coragem em continuar a lutar, e este nível de estigma não tornar a nossa vida mais fácil.

Seja qual for o meio em que te insiras, tem tudo isto em mente a próxima vez que decidires humilhar alguém. Posso garantir que alguém no teu círculo beneficia desse “veneno que jamais de aproximarás”. E posso garantir que os estás a fazer sentir como lixo porque partes de um lugar de privilégio em termos de saúde. Não sejas hippiepócrita, és melhor que isso.