Torna o Veganismo radical novamente!


Origem: animalresistance
Tradução e adaptação por VOE


O VEGANISMO NÃO É APENAS UMA DIETA

Há mais para além do consumo em ser-se vegan. O veganismo é politicamente racial e requere uma mudança na forma em como nos conectamos os outros animais e com o planeta. Põe em questão relações sociais envolvendo a autoridade e o poder. Negar que o veganismo é político vem de um ponto de vista humano de supremacia e privilégio. Não vê os outros animais como mercadorias e sim como um grupo com os seus sentimentos, relações, sociedade, cultura e linguagem. O veganismo nunca pode ser apolítico porque requerer uma análise profunda acerca de como nos relacionamos com os outros em sociedade. O veganismo deve confrontar a supremacia humana e o especismo, com o fim de acabar com a mercantilização e exploração de outros animais, do planeta e dos humanos.


O VEGANISMO SIGNIFICA LIBERTAÇÃO

Advocacia por outros animais pode ser feita de diversas formas, desde bem estarismo, direitos dos animais a libertação animal.
Enquanto o bem estarismo promove maiores e melhores jaulas, não questiona a legitimidade das jaulas em si. Direitos dos animais, por sua vez, se concentram nos direitos básicos de outros animais, incluindo o direito de não ser explorado ou morto, mas o faz apenas dentro da estrutura humana de direitos, Mudar leis, no entanto, não requer uma crítica aprofundada da sociedades e suas questões de dominação. Apenas a libertação – como um processo colectivo que rejeita todas as formas de dominação, exploração ou descriminação – é que desafia a supremacia humana e a utilitarismo sobre os outros.


ABORDANDO AS RAÍZES DA OPRESSÃO

Se o objectivo colectivo é acabar a opressão invocando um acordar das massas na nossa sociedade precisamos primeiro o que é a opressão, como funciona e como é sustentada, e porque existe. Apesar de nenhuma forma de opressão ser idêntica, seus mecanismos que sustêm e dão força à opressão trabalhar de formas semelhantes. Por isso, o movimento vegano deve reconhecer e erradicar todas as raízes da opressão em vez de tratar dos sintomas de apenas o veganismo como assunto desligado das restantes opressões. Isto também significa trabalhar em os assuntos e assegurar acesso aos mesmos em vez de “atacar” indivíduos pelas decisões que tomam para sobreviver no atual sistema.


O VEGANISMO É ANTI-CAPITALISTA

O capitalismo está inerentemente ligado à exploração e à mercantilização da vida de todos os corpos como lucro. Para nos afastar-mos desta exploração e abuso não podemos apenas mudar a maneira como os humanos olham outros animais e a natureza, precisamos sim de uma revolução social que acabe com o capitalismo e todos os outros sistemas que perpetuam a supremacia humana. Devemos construir sistemas alternativos que respeito e dê valor a toda a vida no planeta.

O VEGANO-CAPITALISMO TAMBÉM DESTRUIRÁ O PLANETA

A simples compra de opções veganas não terminará com a exploração de outros animais e do planeta. O Vegano-capitalismo não desafia a supremacia humana. É uma forma especista que se foca em reduzir os danos aos “animais domesticados enquanto ignora os efeitos devastadores do capitalismo nos “animais selvagens”. Celebrar opções veganas como solução para o fim do sofrimento é escolher o silêncio acerca de terras serem roubadas, violadas, envenenadas e destruídas, tal como alienar as pessoas e as deixando sem pensar sobre a obsessão acerca do crescimento infinito das mercadorias. Debaixo do veganio-capitalismo, capitalistas continuarãoa ganhar com a exploração, florestas continuarão a ser queimadas, ativistas ambientais continuarão a ser mortos e o muto do consumo consciente que mudamos o sistema usando um euro como um voto, continuará.

RÓTULO “VEGAN” NÃO SIGNIFICA LIVRE DE CRUELDADE

Meter rótulos vegans em todos os produtos como “livres de crueldade” apaga a exploração de trabalhadores no sistema de produção das corporações. Trabalhadores de quintas que colhem frutos e vegetais e todos os que trabalham na indústria de processamento de plantas muitas vezes trabalham em condições deploráveis. Muitos são imigrantes que recebem muito pouco, são expostos a assédio sexual, descriminação, fome, problemas de saúde mental (devido à sua situação) e têm pouca ou nenhuma proteção legal.
Crianças africanas são constantemente exploradas na indústria da comida 100% vegetal, nomeadamente na do cacau, café e bananas. Muitos cajus são processados em campos de trabalhado forçado e abertos “à mão” causando queimaduras graves nos trabalhadores. O veganismo deveria, portanto, examinar mais criticamente as escolhas alimentares.

CONSISTENTEMENTE CONTRA A OPRESSÃO

Muito como o racismo, outras formas de descriminação e opressão são de forma comum toleradas dentro do movimento mainstream vegano. Estas podem incluir o idadismo, “fat-shamming”, “body-shaming”, “health-saming”, homofobia, sexismo, transfobia, e até o próprio especismo. Ignorar estes temas parte de um ponto de vista privilegiado que se centra num certo tipo de humanos às custas dos marginalizado – incluindo outros animais. Dando poder a todos os marginalizados não só é iimperativ opara a justiça social e compaixão mas também algo crucial para aumentar a nossa habilidade coletiva para a mudança.

RACISMO NO VEGANISMO

Os vegans brancos por vezes usam o sei veganismo para mascarar o seu racismo e supremacia branca. Isto nota-se em várias práticas como a criação de hierarquias de opressão onde uns animais são retratados como os mais oprimidos, e por conseguinte permitindo cognitivamente ignorar ou ficar em silêncio acerca do sofrimento humano. É também inerente ao racismo retratar certas etnicidades como particularmente cruéis com animais ou certos países como “subdesenvolvidos” em termos de compaixão com os animais. Alguns vegans brancos chegam ao ponto de visitar outros países para tentar implantar sua forma seu ativismo a outros ativistas em vez de envolver e apoiar os ativistas conforme as suas necessidades nos seus países. Outros Racistas usam a história da opressão sobre os negros como ferramenta para promover o veganismo enquanto continuam a negar existir privilégio branco.


O VEGANISMO DEVE PROMOVER A JUSTIÇA ALIMENTAR

Promover sempre o veganismo como algo acessível a qualquer pessoa, seja qual for o seu orçamento, ignora a opressão entre classes e o racismo estrutural. Comunidades rurais de baixos recursos financeiros e comunidades negras muitas vezes são colocadas em zonas onde não há acessibilidade a produtos frescos, baratos e saudáveis. Nestas comunidades muitas vezes está-se a vários quilómetros da próxima mercearia de vegetais frescos (enquanto se vê cercada de cadeias de fast-food). Acesso limitado a comida também afecta quem vivem com certos problemas físicos e/ou de deslocação, ou pessoas que vivam em bairros sociais. O Veganismo deve portanto combater o racismo, a gentrificação, o idadismo e o regime alimentar das corporações.